Depois de quatro anos, chega ao fim programa dirigido pelo governo brasileiro e pela União Europeia para fomentar a internacionalização de PMEs
Por Ricardo Lacerda
O último dia de junho marcará o encerramento oficial das atividades do Projeto de Cooperação Internacional de Apoio à Inserção Internacional de Pequenas e Médias Empresas (PAIIPME). Nesta terça-feira, um evento realizado em Brasília (DF) debateu os resultados conquistados ao fim de mais de quatro anos da iniciativa, que foi dirigida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) por meio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com a União Europeia. Direta e indiretamente, foram beneficiadas mais de 2,5 mil pequenas e médias empresas brasileiras de 21 setores.
Entre as atividades realizadas com apoio técnico e financeiro da comunidade europeia está a capacitação para o ingresso no mercado externo, levantamento de diagnósticos, adaptação de processos e produtos, pesquisa e busca de parceiros comerciais. Por meio do PAIIPME, entidades e empresas brasileiras participaram de mais de 90 feiras e missões nacionais e internacionais. A embaixadora Ana Paula Zacarias, chefe da Delegação da União Europeia no Brasil, destacou a necessidade de globalizar as pequenas e médias empresas – consideradas por ela a "coluna vertebral" das economias desenvolvidas. "No mundo atual, as PMEs não podem mais ficar circunscritas às suas regionalidades. Elas precisam de apoio público [para expandir seus mercados]", afirmou Ana Paula, que nos anos 90 foi cônsul de Portugal no Paraná e Santa Catarina.
Mauro Borges Fortes, presidente da ABDI, salientou os resultados efetivos do programa: "Muitas vezes, esse tipo de projeto termina mais em caráter de cooperação institucional. Dessa vez, as empresas foram os principais atores".
Realidades distintas
Daniel Calleja Crespo, diretor-geral adjunto de Empresas e Indústria da UE, observou a importância do apoio governamental às pequenas e médias empresas. Na Europa, lembrou Crespo, esse apoio está calcado em três metas: redução da burocracia, acesso a crédito e abertura de mercados. No entanto, ao relatar a realidade das PMEs europeias, deixou claro que as diferenças ainda são grandes. Um exemplo é o impacto econômico que estas organizações exercem na Europa: lá, elas representam aproximadamente 57% do PIB, enquanto no Brasil o peso é de 20% – percentual que está também abaixo da média mundial, de 30%.
No entanto, é preciso considerar os padrões de enquadramento de empresas como pequenas ou médias. Enquanto na Europa as PMEs são aquelas organizações com faturamento de até 50 milhões de Euros (ou R$ 120 milhões), no Brasil as pequenas empresas faturam até R$ 2 milhões e as médias, R$ 60 milhões. "Na Europa, existem 23 milhões de PMEs, que geram quase 70% da mão de obra do bloco. São 99% do total de empresas", afirmou Crespo. No Brasil, 97% das empresas são pequenas ou médias. Se comparadas aos padrões europeus, elas ainda geram bem menos empregos, com 45% do total de postos de trabalho do país.
http://www.amanha.com.br/home-2/2007-pequenas-e-medias-multinacionais
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