Setores de informática e petróleo tiveram maiores crescimentos
Em meio à valorização do real em relação ao dólar, quase 20% dos
produtos industriais vendidos no Brasil em 2011 foram importados.
É o maior percentual desde 1996, quando começou a série histórica
divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O câmbio não foi o único fator que influenciou esse cenário, segundo a CNI.
A entidade aponta ainda o crescimento da economia doméstica, a crise
mundial, que gera excedentes de produtos manufaturados, e a alta do
chamado "custo Brasil".
Para a CNI, todos esses fatores foram fundamentais para o consumo
recorde de 19,8% de importados.
"Cada vez mais o consumo pertence aos importados. Isso mostra que o
setor industrial vai contribuir cada vez menos para a economia
brasileira", afirma Flávio Castelo Branco, economista da entidade
empresarial.
MAIORES ALTAS
Os grupos de produtos em que a fatia de importados mais cresceu foram
informática, eletrônicos e produtos ópticos -de 45,4% em 2010 para 51%
no ano passado- e derivados de petróleo e biocombustíveis -com
crescimento de 17,8% para 23,3% no mesmo período.
A participação de insumos importados no total utilizado pela indústria
brasileira também foi recorde no ano passado: 21,7%, segundo a
entidade empresarial.
Em quatro setores a participação dos insumos superou os 40%:
informática, eletrônicos e ópticos, metalurgia, farmoquímicos e
farmacêuticos e químicos.
EXPORTAÇÕES
No ano passado, as exportações recuperaram sua participação na
produção nacional, chegando a uma fatia de 19,8%, coincidentemente o
mesmo percentual registrado pelas importações.
Nesse caso, entretanto, o número não foi recorde histórico, já que em
2004, por exemplo, as vendas para outros países chegaram a absorver
22,9% da produção industrial brasileira.
O peso das exportações na produção foi liderado pelas indústrias
ligadas a commodities, como por exemplo o setor de extração de
minerais metálicos.
Esse segmento vendeu ao mercado externo 84% da produção anual.
Os cálculos da CNI foram feitos a partir de dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) e da FGV (Fundação Getulio
Vargas).
Folha de São Paulo
20/03/2012