terça-feira, 19 de julho de 2011

Pimentel aposta na criatividade para driblar dólar fraco

 
DCI
19/07/11 - 00:00 > COMÉRCIO EXTERIOR


Karina Nappi

 
São Paulo - Pouco mais de seis meses depois de assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel confirma a tendência do governo de Dilma Rousseff de ter uma postura mais dura com a importação de produtos que tiram a competitividade da indústria local. Ao mesmo tempo o ministro minimiza a questão cambial e pede que exportadores sejam mais criativos na hora de exportar.

Em entrevista exclusiva ao DCI, Pimentel reconhece que o real valorizado traz dificuldades pontuais às empresas. "O câmbio diminui a competitividade dos nossos produtos, mas não é empecilho para o comércio exterior brasileiro. Países desenvolvidos têm moeda forte e nem por isso deixam de exportar", ressalta.

Pimentel reafirma que o governo vai agir com firmeza quando achar que é necessário aos interesses nacionais. "Dentro das regras da Organização Mundial do Comércio, o governo sempre atuará na defesa dos produtores e dos industriais brasileiros. Quando for preciso endurecer, o faremos, como, por exemplo, com a aplicação de medidas de defesa comercial", comenta. A China é um dos principais atores destes problemas, mas, segundo Pimentel, o Brasil quer, na verdade, uma parceria para buscar mais investimentos.


 

Bier teme ida de fábricas para a Argentina

comércio exterior Notícia da edição impressa de 19/07/2011

Produtos brasileiros continuam retidos na fronteira Brasil-Argentina, ultrapassando o máximo de 60 dias

ANDRÉ NETTO/JC
Bier destaca migração para o país vizinho
Bier destaca migração para o país vizinho

Apesar das negociações entre o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e da ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, produtos brasileiros continuam retidos na fronteira dos países vizinhos e no porto de Rio Grande, ultrapassando o máximo de 60 dias recomendados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para liberações dos produtos. Além disso, a situação impõe o desrespeito a acordo firmado entre os dois países com o propósito de acatar o prazo estabelecido pela OMC, ocasionando importantes perdas, principalmente, ao setor calçadista e de máquinas.

O coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Cezar Müller, estima que mais de R$ 200 milhões em cargas enviadas pelo Rio Grande do Sul estejam barradas, em breve levantamento feito pela entidade. De acordo com Müller, o Brasil conduziu bem a situação até agora, optando pelo diálogo e não adotando medidas precipitadas. O executivo aponta que com o agravamento das restrições observado nas últimas semanas, o País deve ser mais enérgico com os vizinhos. "É o momento de nós buscarmos uma forma mais dura para o governo agir em relação às restrições da Argentina", frisa. Müller ressalta que os exportadores gaúchos seguem com bastante dificuldade, além de afirmar que a Argentina busca acordos comerciais diretos com os empresários brasileiros. "A Argentina quer criar um fluxo de comércio positivo, então atua fazendo acordos para que o exportador também importe matérias-primas ou que comece a produzir no país", aponta. Com isso, o dirigente alega que o governo argentino age sempre baseado em ameaças, prejudicando severamente a indústria local. "Por isso defendemos que chegou o momento de tomarmos uma posição mais firme, do contrário teremos uma situação muito desagradável daqui para frente", sentencia.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, compartilha a opinião. Ele destaca que muitas companhias estão inclinadas a se mudarem para a Argentina diante das atuais dificuldades. O empresário relata que durante a posse na nova diretoria da Fiergs, na quinta-feira passada, falou diretamente à presidente Dilma Rousseff e ao secretário-executivo do Mdic, Alessandro Teixeira sobre a barreira comercial. "O secretário está fazendo um esforço muito grande para que as indústrias não saiam daqui, mas disse que os argentinos forçaram o jogo e que está muito difícil a situação", diz. Bier lembra que 75% das máquinas agrícolas brasileiras são produzidas no Rio Grande do Sul, e que uma possível migração de fábricas impactaria de forma drástica o Estado.

Os exportadores de calçados também estão amargando as consequências da demora argentina em liberar as mercadorias na aduana. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) está realizando, semanalmente, estudo sobre o volume de pares estacionados na fronteira. Segundo a assessoria de imprensa da Abicalçados, na sexta-feira passada, somente entre produtos das empresas associadas à entidade havia 727 mil pares, sendo 631,6 mil pares com atrasos superiores a 60 dias para entrar na Argentina.

Jornal do Comércio/POA/RS

Penhora on line, desde 2006, dispensa outros meios para localizar bens do devedor



Após a vigência da Lei n. 11.382/2006, não é necessário que o credor comprove ter esgotado todas as vias extrajudiciais para localizar bens do executado, para só então requerer a penhora on line, por meio do sistema Bacen-Jud. O entendimento foi adotado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar recurso movido pela Brinquedos Bandeirantes S/A contra decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).

A empresa ajuizou execução contra a Casa dos Brinquedos Ltda., que teria descumprido obrigações contratuais. Depois de várias tentativas sem sucesso, a Bandeirantes S/A entrou com o pedido de penhora on line (artigo 615, inciso III do Código de Processo civil – CPC). Em primeira instância, o pedido foi negado, sob o argumento de que essa medida só se mostraria viável e necessária após esgotados todos os meios para obtenção do crédito.

A Bandeirantes recorreu, mas seu recurso foi negado pela Quarta Turma Civil do TJES. O tribunal capixaba argumentou que a constrição on line seria uma medida excepcional, só usada após o credor esgotar os meios de localização de bens do devedor.

No recurso ao STJ, voltou-se a alegar que não é necessário esgotar os outros meios antes de se utilizar o sistema Bacen-Jud. A empresa observou ainda estarem as aplicações financeiras em primeiro lugar, na ordem de preferência dos créditos. Além disso, a obrigação seria líquida, certa e exigível, e foi calculada em cerca de R$ 2,25 milhões. Por fim, apontou que a imprensa já havia noticiado haver fraudes na administração da Casa dos Brinquedos e existiria o risco de dilapidação do patrimônio da empresa.

O relator do processo, ministro Massami Uyeda, deu razão ao recurso da Bandeirantes. Para o magistrado, os pedidos de penhora on line feitos antes da vigência da Lei n. 11.382/06 exigiam a comprovação de que foram esgotadas as tentativas de busca dos bens do executado. "Se o pedido for feito após a vigência desta lei, a orientação assente é de que essa penhora não exige mais a comprovação", observou. No caso, o pedido de penhora on line e o julgado que o negou são, respectivamente, de novembro de 2007 e janeiro de 2008, na vigência da lei. Com essas considerações do ministro Massami, a Terceira Turma deu provimento ao recurso da empresa.

Resp 1159807
STJ

Port. SECEX 23/11 - Port. - Portaria SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR, DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - SECEX nº 23 de 14.07.2011