Em recessão e com uma economia cada vez menos competitiva, a União Europeia vai montar uma nova frente de defesa comercial para frear a importação de produtos de países emergentes, em especial de economias descritas como "capitalismo de Estado", como a China.
Ontem, Bruxelas anunciou que não vai mais esperar por qualquer tipo de conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio e instalará novas defesas comerciais para conter o que considera concorrência desleal dos emergentes.
O grande alvo é a China, ainda que Rússia, Índia, Brasil e Vietnã estejam no foco das medidas. A avaliação é de que esses Estados, com recursos cada vez mais abundantes, estão subsidiando suas produções e conseguindo minar a produção europeia.
A iniciativa é mais uma entre as medidas protecionistas que, nos últimos dois anos, tem ganhado o mundo. Países ricos e pobres, emergentes ou em recessão têm se valido de barreiras para frear a concorrência.
Na Europa, em plena contração econômica e vendo o número de empresas fechar a cada dia, o objetivo é dar maior poder de reação contra práticas desleais de países emergentes.
Hoje, um processo contra uma importação apenas começa quando uma empresa europeia se queixa. O problema, segundo o comissário de Comércio da Europa, Karel De Gucht, é que muitas empresas temem ser retaliadas por esses países e evitam abrir queixas. Pela nova proposta, a UE também terá o direito de abrir uma investigação.O caso mais evidente é o da China. Pequim tem aberto casos no próprio país contra empresas europeias que pedem a Bruxelas que estabeleça barreiras contra produtos chineses. Essas companhias, portanto, preferem manter o mercado chinês aberto e evitam contenciosos, mesmo que tenham razão em suas queixas.
Jamil Chade
O Estado de S. Paulo 11/05/2012
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