Data do Artigo: 22/6/2011
Autor(a): DIRCEU M. COUTINHO
Jornalista.
O governo brasileiro volta a repetir o velho discurso... que vai ampliar as exportações de manufaturados. O desempenho das vendas externas está em marcha acelerada, mas predomina sempre os produtos básicos, ou seja, as commodities.
Então, sabe-se que a meta para este ano foi definida, levando-se em consideração a previsão de um crescimento de quase 10% no comércio mundial, mantendo os preços das commodities.
Enquanto isso, é cada vez mais forte a demanda no mercado internacional de minério de ferro. Tanto que parece que, pela primeira vez, um único produto - minério de ferro - ultrapassa a marca de US$ 20 bilhões de dólares em exportações para o exterior. Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), 2010 foi encerrado com as vendas internas de minério atingindo quase 30 bilhões de dólares.
A mineradora Vale do Rio Doce é responsável pela exportação de 80% das vendas externas de minério de ferro. Aliás, é a maior exportação do Brasil, ampliando sua participação na economia brasileira. Mesmo a combinação de soja e farelo, não chega a alcançar o patamar do minério.
E a Vale apresenta outra vantagem: na escala das importadoras ocupa o 31º lugar. Tudo indica que essa performance vai persistir, pois em 2011 exportaremos cerca de 38 bilhões de dólares! Na década passada, a participação da Vale era de 2%, agora subiu para 12%.
Paralelamente, o governo está montando o Eximbank brasileiro, seguindo o modelo americano. Essa providência parecia já esquecida. Apenas houve uma parada em junho do ano passado por causa das eleições, porque sua instalação faz parte do pacote lançado em maio, de apoio ao exportador.
Diga-se de passagem, até agora o exportador tem sido o herói na estrutura do comércio internacional. Até a devolução dos tributos sobre os ingredientes exportados demora, às vezes, vários anos para ser feita. Isso, obviamente, encarece o produto brasileiro e dificulta a competitividade com o produto estrangeiro. Agora, finalmente, fala-se em devolução quase imediata.
O governo só não colabora com o exportador quando não quer.
Apesar do crescimento global das exportações no ano passado - cerca de 200 bilhões de dólares -, o saldo comercial - aproximadamente 20 bilhões de dólares - foi menor do que no ano anterior - cerca de 25 bilhões de dólares.
Não podia deixar de mencionar a China nessa encrenca econômica. Ainda mais que, como se sabe, ela produz quase metade do aço do mundo. E continua crescendo a uma taxa realmente elevada.
E quanto ao Brasil? Na realidade nosso país pode se beneficiar pela atuação da Índia. O país está restringindo as vendas para a China, para não ficar sem o produto em futuro próximo e precisar recorrer à importação, mediante preço do mercado. Cabe ao Brasil se aproveitar e vender mais e mais minério para a China. Como se dizia antigamente, é agora ou nunca...
Fonte: Aduaneiras
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