quinta-feira, 1 de setembro de 2011

PRODUÇÃO INDUSTRIAL RECUA E DÁ SINAIS DE ENFRAQUECIMENTO

 

Apesar de voltar a crescer em julho, a produção industrial brasileira dá sinais cada vez mais claros de que está pisando no freio, segundo pesquisas divulgadas ontem, horas antes de o Banco Central decidir sobre a taxa de juro do País. Em meio à desaceleração recente da economia brasileira e à turbulência global, analistas esperam que a Selic fique estável, interrompendo um ciclo de cinco altas concedidas para conter a inflação.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção do setor teve alta de 0,5% em julho sobre junho, mês que teve a queda revisada de 1,6 para 1,2%. O patamar, no entanto, está 2% abaixo do nível recorde do setor, visto em março. Em relação a julho de 2010, houve uma queda de 0,3%, após dois meses de alta.

A sondagem, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a confiança da indústria recuou pelo 8º mês consecutivo em agosto, em 2,2% ante julho. O nível de utilização da capacidade também caiu, de 84,1% em julho para 83,6 em agosto, menor dado desde novembro de 2009 . "Há um menor dinamismo da indústria", diz o economista do IBGE André Macedo.

Para a FGV, os dados de agosto "sinalizam um desempenho fraco da indústria no terceiro trimestre de 2011". A indústria já havia sido, segundo analistas, um dos pontos fracos da economia no segundo trimestre - o dado do Produto Interno Bruto (PIB) do período será divulgado na sexta-feira -, gerando uma desaceleração do crescimento sobre o primeiro trimestre.

O índice de difusão da indústria medido pelo IBGE confirma essa trajetória cadente do setor. Em julho, 44,4% dos ramos pesquisados aumentaram a produção, sendo que a média histórica deste mês é de 52,6%.

Com a perspectiva de que esse arrefecimento continue, seja pelos efeitos da turbulência global, ainda difíceis de medir, seja pelo impacto das medidas de aperto tomadas pelo governo brasileiro desde dezembro - como alta de juro e depósito compulsório, esperava-se manutenção da Selic até o fim do ano.

A pesquisa do IBGE mostrou que enquanto o setor de bens de capital continua sendo destaque de alta, o de bens intermediários caiu pelo segundo mês. Para Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, isso mostra que a demanda doméstica não desacelerou tanto. "Os segmentos voltados à renda e à demanda doméstica, como bens de consumo e bens de capital, cresceram, com condições favoráveis no Brasil, enquanto aqueles que dependem da economia global, como bens intermediários, é que estão sofrendo", disse ele.


DCI
01.09.2.011

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