"Há quem defenda que seja melhor solicitar inicialmente uma proteção somente para o vestuário", diz Ede Villanassi, proprietário da Sandra Têxtil e diretor do Sinditec, que reúne indústrias têxteis da região de Americana. "O problema é que se houver muita demora na aplicação de uma defesa para os têxteis, é possível que as empresas do setor não resistam", argumenta. Ele também se queixa de que os estudos para o pedido de salvaguarda estão sendo custeados por vários sindicatos, como o Sinditec, que reúnem indústrias têxteis. Procurada, a Abit diz que "por questões estratégicas" não deve comentar o pedido de salvaguarda por um período de 60 dias.
O governo federal vem tentando aplicar medidas para controlar os importados do setor. Desde agosto, os têxteis estão submetidos à operação "Panos Quentes", pela qual os produtos desembarcados passam por inspeção física da Receita Federal, processo que pode levar até 180 dias para liberação da mercadoria. Há também alguns itens, como índigo blue, fios e malhas de viscose, que contam com direito antidumping.
Para o professor Mariano Laplane, da Unicamp, as medidas de defesa comercial adotadas pelo governo não estão funcionando. Segundo ele, a fiscalização nos portos não consegue coibir dois problemas fundamentais: o subfaturamento na hora da declaração da carga importada e a triangulação. Para impedir o aumento de importados no setor, o governo precisa de medidas de curto e médio prazo. No início, salvaguardas e medidas antidumping para os asiáticos, feitas a partir de negociações com países exportadores. Depois, programas de reestruturação e fortalecimento do setor, como financiamentos e incentivos fiscais, ajudariam a aumentar a competitividade da indústria.
"Os importados são bem-vindos, pois estimulam o mercado interno. Mas quando podem quebrar o parque nacional não são desejáveis. Medidas como essas já estão sendo utilizadas nos Estados Unidos e Europa. A Argentina também faz isso com muitos setores brasileiros", diz.
Valor Econômico
15/02/2012
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