Texto atualizado em 27 de Julho de 2011 - 23h59 |
Andréa Margon - de Vitória/ES reportagem |
O debate sobre se o Brasil passa ou não por um processo de desindustrialização ganhou força nos últimos dias. De um lado, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, diz que é impossível agregar valor aos produtos nacionais já que o País está num processo de retração industrial. Na outra ponta está o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Matérias Primas Têxteis (Abitex), Jonatan Schimidt, que responsabiliza o próprio setor pela perda de espaço frente aos produtos importados, como os têxteis da China. "A indústria está diminuindo frente à ausência de política de desenvolvimento industrial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que não fiscaliza o que empresta e por culpa da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) que não procura investigar a sociabilidade das empresas". Ele considera que os industriais brasileiros foram vítimas, mas também têm culpa porque não se modernizaram e critica que muitas das plantas industriais parecem ter parado na década de 1950. E dispara: "o Brasil compra máquinas usadas da China". Schimidt diz que a tecnologia da indústria têxtil está ruim. "Importam teares com mais de cinco anos, que não são mais usados pela China e com aval do Governo Federal, através de incentivo tributário. E não conseguem atender à demanda nacional. Precisamos importar. Se não importar não consegue exportar. Não dá para criminalizar o importador. Ele precisa ter condições de importar para suprir a demanda. A OMC (Organização Mundial do Comércio) tem regras para defender os exageros. Controle aduaneiro é uma das regras. Mas o Brasil acaba se guiando por questões políticas". A Abitex, reclama o presidente da entidade, sofreu, por muitos anos, porque o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) era dominado pela indústria têxtil, chegando ao absurdo de aplicar antidumping. "Existem tecidos que não se fabricam no Brasil e a medida foi aplicada. Aumenta o custo e quem paga o pato é o consumidor".
Schimidt defende que o Brasil tem que ser "ator" no mercado internacional, citando como exemplo o chamado "preço mínimo" para importações. "Se uma camisa custa, por exemplo, cinco dólares, o governo diz que é pouco e só permite que a importação seja realizada se a empresa brasileira pagar oito dólares. O chinês faz muito barato um produto que o Brasil não produz". Procurado pela reportagem do Portogente, o MDIC informou apenas que no próximo dia 2 de agosto será lançado o Programa de Desenvolvimento Produtivo. |
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