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11/07/11 - 00:00 > POLÍTICA ECONÔMICA
karina nappiae
São Paulo - "Nunca convivemos com um câmbio tão desfavorável no Brasil", disse em seu discurso do "The 2nd Brazil Business Summit", organizada pela Economist Conferences, grupo da revista britânica The Economist, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Segundo ele, o dólar está "extremamente desvalorizado", o que representa dificuldades para a indústria no País.
E para ajudar o Brasil a crescer e ganhar espaço, mesmo com esta dificuldade cambial, Pimentel afirmou em Paris, que "a França pode ajudar muito o Brasil com a sua indústria altamente inovadora por meio da transferência de tecnologia em setores estratégicos". Ele disse ainda que "o nosso país precisa muito do dinamismo da economia francesa e este é o momento para integrarmos, definitivamente, os nossos esforços para o salto da inovação que queremos dar com o lançamento da nova política industrial".
Em suas apresentações, os ministros Fernando Pimentel e Guido Mantega (Fazenda) não chegaram a um consenso. Enquanto a pasta de Desenvolvimento afirma que o Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP) deve sair até o final de julho e tem como principal foco as desonerações, Mantega duvidou que o PDP consiga sair ainda este mês e afirmou que ele tem como objetivo a inovação tecnológica e pode contar com algumas desonerações.
"Desonerar será a única forma de competir com o gigante asiático, pois a disputa no chão de fábrica é impossível", disse, referindo-se aos baixos custos de produção na China. Segundo ele, a estratégia é necessária para garantir o crescimento sustentável da economia brasileira.
"Haverá subsídios e desonerações fortes para quem investir em inovação", disse.
Para ele, o objetivo é aliviar a carga tributária sobre a inovação, insumos (como energia elétrica, telecomunicações e combustíveis) e a folha de pagamento. "A questão é saber qual é o espaço fiscal, mas haverá desonerações com certeza", disse.
Pimentel avalia que o País tributa pesadamente quem contrata trabalhadores, o que não é moderno. Sobre os insumos, disse que se trata de uma preocupação do governo, pois a atual estrutura tributária não funciona mais. A desoneração nessa área, avalia, é importante para reduzir os custos de produção.
"Não se pode fazer isso da noite para o dia, mas precisamos começar a fazer agora", disse.
O ministro afirmou também que a taxa básica de juros brasileira (taxa Selic) é incompatível com os fundamentos do País. Ele afirmou que o Brasil carrega uma herança do passado, mas que irá caminhar para um ajuste nos juros - classificado pelo ministro como um dos principais pontos do chamado custo Brasil. "É preciso dar um recado para o setor financeiro, é preciso começar a fazer essa transição [para juros menores]."
Durante a viagem, o ministro firmou memorando de entendimento que tem o objetivo de desenvolver projetos de inovação. A intenção é aumentar o intercâmbio de informações e de boas práticas entre os órgãos de governo, centros de pesquisa e desenvolvimento, universidades, associações e federações empresariais, e empresas dos dois países.
Na agenda de trabalho, consta ainda a assinatura de um memorando de entendimento entre Seguradora Brasileira de Credito à Exportação S.A. (SBCE) e a Companhia Francesa de Seguros para o Comércio Exterior (Coface, na sigla em francês). O acordo trata sobre formas de facilitar o apoio às exportações de Brasil e França para terceiros países em que uma empresa exportadora francesa poderá subcontratar parte de suas exportações de uma empresa brasileira e vice-versa.
A Coface também firmou memorando de entendimento com a Petrobras que permitirá a concessão de garantias de crédito para operações que totalizem US$ 500 milhões entre exportadores franceses e a empresa brasileira. Com isso, estas operações da Petrobras, captadas no mercado financeiro privado, serão classificadas como de menor risco devido às garantias apresentadas.
O comércio bilateral entre Brasil e França apresentou crescimento no primeiro semestre de 2011. No período, o Brasil vendeu US$ 2 bilhões para a França e importou US$ 2,5 bilhões deste mercado. O aumento na corrente de comércio foi de 14,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
O ministro destacou que o país que mais recebe investimentos franceses no mundo hoje é o Brasil e lembrou ainda que, entre as quarenta maiores empresas francesas, 38 estão firmemente estabelecidas no Brasil.
Em relação aos investimentos, em 2010, a França posicionou-se como quinto país que mais investiu no Brasil, com aportes de capitais nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Varejistas
A proposta de fusão entre o Pão de Açúcar e as operações do Carrefour no Brasil é um "assunto de empresa privada, não do governo", disse o ministro Pimentel ao acrescentar que "as companhias é que devem resolver".
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