quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
As importações de produtos químicos em ritmo crescente são fator de preocupação tanto de representantes das indústrias do ramo quanto de trabalhadores dessa atividade.
Isso porque, com o deficit comercial (quando as compras de outros países superam as vendas ao Exterior) cada vez maior, as multinacionais tendem a investir e a gerar empregos em outros mercados e não no Brasil, avalia o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage.
A questão é preocupante, já que cerca de 70% dos repasses do ICMS à Mauá provêm do Polo Petroquímico, e algo em torno de 35% do recebido pelo tributo em Santo André também vem dessa indústria, assinala o dirigente.
Em relação à balança comercial do setor, somente em agosto o Brasil havia importado US$ 4,4 bilhões de itens dessa área, maior valor mensal em toda a história do País e 18,8% mais que em julho. Ao mesmo tempo, as exportações, de US$ 1,5 bilhão, recuaram 5,3% frente ao mês anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Química.
Por sua vez, no acumulado dos oito primeiros meses do ano, o deficit chega a US$ 16,8 bilhões, 32% mais que no mesmo período de 2010.
Os receios em relação à disparada das importações serão debatidos durante a conferência 'A Indústria Química em 2020, um novo rumo é possível', que será realizada em Santo André, entre os dias 26 e 28 deste mês, no Blue Tree Towers (Avenida Portugal, 1.464).
Lage assinala que o grande volume de itens adquiridos do Exterior se deve, entre outros fatores, à falta de matérias-primas suficientes para desenvolver novos produtos. Ele exemplifica: "Para se ter uma ideia, duas empresas, a Basf e a Elekeiroz, tinham planos de montar fábricas de ácido acrílico na Bahia, mas só havia uma fornecedora e a matéria-prima não era suficiente para duas plantas". Com isso, só o projeto da Basf foi levado adiante, segundo o sindicalista.
O Sindicato dos Químicos do ABC vem se reunindo com outras entidades empresariais do ramo para discutir formas de dialogar com o governo federal em busca de alternativas para o setor, para que haja estímulo para mais investimentos.
A Abiquim participa desses encontros e reivindica do poder público, por exemplo, que haja política específica para o uso do gás natural como insumo para o segmento. Isso poderia incentivar os aportes na produção de intermediários para fertilizantes (somente esses itens responderam por mais de US$ 1 bilhão em importações em agosto). "Essa é uma medida que está prevista na Lei do Gás, mas até o momento não foi regulamentada", diz a diretora de Comércio Exterior da associação, Denise Naranjo.
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