China segura exportações de celulose, mas preço preocupa
27 de julho de 2012
No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 7,6% na comparação anual, no ritmo mais lento em quase três anos.
Diferentemente da siderurgia, a exportação brasileira de celulose tem sentido menos com a desaceleração chinesa em 2012, mas o cenário pode piorar na segunda metade do ano, compossível queda nos preços internacionais do produto, segundo especialistas.
Por enquanto, fabricantes e analistas do setor apostam que a demanda crescente da China tende a amortecer eventuais percalços oriundos de um aprofundamento da crise europeia e consequentes impactos sobre a economia global.
"O mercado asiático tem sido cada vez mais representativo (no setor de celulose), tanto que as companhias estão aumentando a capacidade. A demanda deve continuar aquecida", disse Victor Penna, analista do BB Investimentos, ressaltando que a China inaugurou várias fábricas de papel recentemente.
Essa visão foi reforçada na quinta-feira pelo presidente da Fibria, Marcelo Castelli, que em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre, afirmou que a demanda do país deve continuar forte.
"Nossa visão em relação à China é que, apesar dos ajustes econômicos, quando você olha estruturalmente o PIB chinês, não é ruim. A intenção do governo é fomentar o consumo interno, isso fortalece nossa indústria", disse na quinta-feira.
As vendas da empresa para a China registraram queda entre o primeiro e o segundo trimestre, devido à recomposição de estoques, mas o diretor comercial da empresa, Henri Philippe Van Keer, ressaltou que os estoques deverão chegar a níveis baixos nos próximos dois meses.
O sobe-e-desce dos preços
No segundo trimestre, as grandes exportadoras brasileiras aumentaram os preços da tonelada da celulose, o que impactou positivamente a Fibria e deverá ter o mesmo efeito para Suzano, que divulga seus dados na próxima semana.
A depreciação do real também inflou as receitas de exportação da Fibria em 17% ante o primeiro trimestre e em 11% em relação ao mesmo período de 2011.
Porém, a expectativa para o restante do ano é de que os valores possam recuar, pressionados pela crise na Europa.
"Os preços de celulose já mostram sinais de fraqueza em termos de dólar, apesar de nenhum corte de preço ter sido anunciado", disseram os analistas Pedro Grimaldi, Leonardo Correa e Luiz Fornari, do Barclays, em relatório.
Para Bruno Rezende, economista da Tendências Consultoria, a fraca demanda na Europa tem impactado mais o preço da celulose de fibra longa, produzida a partir do pinus. O Brasil exporta principalmente celulose de fibra curta, a partir do eucalipto.
"Para a longa, espero queda no terceiro trimestre. É a que teve a demanda mais impactada pela Europa. Mas para a curta, tem estabilidade no terceiro trimestre e queda no quarto", disse.
Para o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, a queda nos valores da tonelada da celulose é praticamente certa. "Os preços devem sofrer pelo cenário ruim. Há riscos de, se a crise piorar, projetos serem postergados", disse.
No primeiro semestre, o volume das exportações brasileiras de celulose teve alta de 1,1%, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) divulgados na quarta-feira.
Reuters News
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