Valor Econômico
Economia
Texto publicado em 08 de Julho de 2011 - 02h21
Os ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, mostraram claro descompasso, ontem, em Paris, ao falar da política industrial que o governo pretende lançar para o Brasil enfrentar o modo de produção asiático e tentar dar um salto de qualidade.
Pimentel declarou que a presidente Dilma Rousseff anunciará no fim do mês a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). "Teremos subsídios muito fortes e desonerações de impostos muito fortes para as empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento e que tragam a engenharia de produção ao país", afirmou em seminário sobre a economia brasileira, promovido pela revista "The Economist".
Ele informou que "o que está na cabeça de todos" é uma fortíssima desoneração do investimento em geral. "No que vamos anunciar agora, vai haver sinalização para desoneração de alguns tributos que hoje oneram muito a atividade industrial, o custo dos insumos em especial. O insumo tem que ser aliviado, como ocorre na maioria das economias do mundo."
Meia hora depois foi a vez do ministro da Fazenda falar. E a conversa foi outra. "Para o fim do mês? Eu não sei estaremos prontos até o fim do mês", reagiu. ''O PDP é estímulo ao desenvolvimento tecnológico, pode entrar alguma desoneração para investimento, mas ainda está em estudos", disse. A desoneração de insumos também foi descartada por Mantega. "O IPI para uma série de insumos já está desonerado, então não tem muito espaço nesse caso", afirmou.
Os dois ministros concordaram, em todo caso, que estão na mira do governo a reforma no ICMS, que atrapalha a produção, e a desoneração da folha de pagamentos. Mas enquanto Pimentel parece ter mais pressa, Mantega diz que nem tudo está sob controle do governo federal. "O ICMS depende dos governadores, eles querem contrapartidas", disse o ministro da Fazenda.
Alem disso, a motivação é semelhante: dar competitividade ao setor industrial brasileiro. "Não existe outra receita para enfrentar o modo de produção asiático. Eles ganham qualquer disputa de custo de produção no chão de fábrica. Só tem uma forma de triunfar, que é ir para o lado da inovação", disse Pimentel.
O ministro do Desenvolvimento concordou com a declaração do banqueiro Fábio Barbosa, do Santander, de que o Brasil tem que estar preparado para competir no novo patamar de câmbio. "Sempre usamos o câmbio como ajuste da competitividade, e esse tempo passou." Pimentel também deu uma mensagem ao setor financeiro. "A taxa de juro no Brasil tem de baixar. Nosso desempenho fiscal e financeiro já permite reduzir a taxa de juros. Está na hora de começar a fazer essa transição."
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