terça-feira, 14 de junho de 2011

Exportação do Grande ABC se recupera em maio

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC

Depois de dois meses de retração, as exportações do Grande ABC reagiram em maio, com crescimento de 18,9% no valor obtido com as encomendas na comparação com o resultado de abril, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Para representantes da indústria da região, a liberação de produtos que estavam travados na fronteira com a Argentina colaborou para a melhora. Esse mercado é o principal destino das vendas ao Exterior das empresas de São Bernardo, por exemplo. Representa 41% do faturamento alcançado pelos exportadores do município neste ano até maio.

O destravamento ocorreu após o governo brasileiro ter engrossado a briga com o país vizinho e adotado a licença não automática dos produtos a serem importados - com análise prévia, que pode levar até 60 dias, para autorização da entrada no mercado nacional.

O diretor do departamento de comércio exterior da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo de São Bernardo, José Rufino, ressalta que no mês a mês há influências sazonais: as companhias, às vezes, retardam o embarque, por problemas de produção, para embarcar maior volume ou por dificuldades de agendamento de navio. Mas assinala que tem melhorada a demanda em países da América Latina, como Argentina, Peru e México.

Nos números de São Caetano de janeiro a maio, se observa crescimento expressivo tanto de importações de produtos mexicanos quanto de exportações para lá. As vendas para esse mercado representavam menos de 1% do total negociado e agora contribuem com 8% da receita.

O diretor titular da regional do Ciesp na cidade, William Pesinato, explica que o acordo automotivo do Brasil com o México garante tarifa de importação zero no comércio de carros entre os dois países, mas é necessário que haja equilíbrio entre a quantidade de veículos que ingressam e o que é embarcado.

CÂMBIO - O dólar, atualmente na faixa de R$ 1,60, está em patamar menor do que no início do ano (quando estava em R$ 1,67). "Mesmo com o câmbio nesse nível, os exportadores estão conseguindo manter as vendas, em função dos preços internacionais (dos produtos básicos, como minério, petróleo etc) que estão em alta, e da demanda mais aquecida", afirma Dalmir Souza, diretor do departamento de indicadores socioeconômicos da Prefeitura de Santo André.

 

Nos cinco primeiros meses, vendas ao Exterior crescem 29%

No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a região totaliza US$ 2,88 bilhões exportados, 29% mais que no mesmo período de 2010. O resultado também é 7,4% superior ao valor alcançado com as encomendas de janeiro a maio de 2008, ou seja, antes do período da crise global de crédito. Os especialistas observam que o mercado internacional se recuperou e que, apesar do dólar desvantajoso para as exportações, têm sido possível ampliar os negócios.

Além disso, a característica das grandes companhias da região que vendem ao Exterior também ajuda a explicar essa evolução, afirma o professor de Economia da Universidade Municipal de São Caetano, Radamés Barone. As montadoras são multinacionais que realizam operações (compra e venda) intraempresas, ou seja, entre filiais de países diferentes.

Ele cita que essas empresas se compensam de desvantagens do câmbio ruim para exportar ao obterem maior ganho na comercialização de veículos importados e redução de custos na aquisição de peças do Exterior. William Pesinato, do Ciesp de São Caetano, diz que as fabricantes lucram mais quando trazem o veículo do México (e também da Argentina), já que nesses casos, não é cobrada tarifa de importação.

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