segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Importar automóvel por conta própria é inviável

Leone Farias
do Diário do Grande ABC

 

Carros vendidos na Argentina são mais baratos do que os mesmos modelos comercializados no Brasil, de acordo com levantamento da associação de concessionárias do país vizinho. Com isso, consumidores podem pensar: por que não trazer, por conta própria, o veículo de lá e se beneficiar do valor menor? A resposta é simples: não vale a pena, porque os impostos que incidem dessa operação de importação vão duplicar o custo do automóvel.

É o que demonstra levantamento feito pelo gerente de comércio exterior Wagner Barbosa, da consultoria Fiscosoft. Ele explica que para adquirir carro novo em outro país, a pessoa não pode ir na loja argentina, pagar e sair dirigindo até aqui. Isso é ilegal. É preciso contratar empresa de comércio exterior para trazer o produto e arcar com seguro internacional, frete e os tributos.

Embora não tenha de recolher Imposto de Importação - dentro do Mercosul, a alíquota é zero -, o comprador arcará com outros tributos, para a nacionalização do bem, como se fosse uma empresa: pagará IPI, PIS e Cofins e ICMS, que farão o valor dar um salto.

Como exemplo, um Volkswagen Fox Comfortline 1.6, que na Argentina custa 66,2 mil pesos, ou R$ 25 mil pela cotação de sexta-feira (R$ 0,38 o peso), aqui no Brasil esse carro custa a partir de R$ 37 mil. Com os tributos, o modelo do país vizinho chega aqui por R$ 50 mil, aponta o estudo.

O consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa afirma ainda que a diferença de preços nesses mercados reflete o peso da carga de tributos e de custos - por exemplo, a eletricidade lá é 60% mais barata do que aqui.

COLECIONADOR

Barbosa explica que é ilegal importar carros usados e quando sai concessionária, o carro já deixa de ser novo. A exceção (e mesmo assim, é preciso contratar empresa de comércio exterior e pagar frete, seguro internacional e outras taxas) é quando o veículo tem mais de 30 anos e o comprador é colecionador. Mas a pessoa precisa comprovar que é sócio de clube de colecionadores e ter cadastro para fazer essa operação de importação junto à Receita Federal.

Modelos do país vizinho têm diferenças técnicas

O custo dos tributos não é o único dos problemas que o interessado em fazer a importação por conta própria terá. Há também dificuldades técnicas, que podem ser contornadas, mas exigirão gastos adicionais. "O carro argentino a gasolina não vai funcionar no Brasil, porque a nossa gasolina tem 25% de álcool", afirma o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa. O de lá não tem essa adição.

Ele cita que, além disso, a tubulação do combustível do país vizinho não passa por tratamento anticorrosão e a centralina (a central de gerenciamento da injeção eletrônica) precisará de ajustes. Até o catalisador do escapamento é diferente.

Garbossa acrescenta que, mesmo itens pequenos que oferecem preços vantajosos em outros países podem significar despesas imprevistas no Brasil. "A pessoa pode ir aos Estados Unidos e comprar um celular pela metade do preço, mas não vai funcionar aqui, vai ter de fazer uma conversão." E não terá direito a garantia.

 

07.08.2.011

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