quinta-feira, 2 de agosto de 2012

‘Brasil Maior’ não muda planos de empresários


Pesquisa da CNI mostra que indústria não altera projetos de investimento por causa do plano de incentivos do governo

01 de agosto de 2012 



Célia Froufe, da Agência Estado
BRASÍLIA - Lançado há um ano para estimular a indústria, o Plano Brasil Maior foi insuficiente para acelerar os investimentos do setor. Empresários avaliam, de acordo com pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI), obtida pelo 'Estado', que é preciso criar "medidas mais potentes" para acelerar o crescimento e a competitividade das fábricas.

A expectativa dos 784 industriais ouvidos pela CNI é de que, em dois anos, alguns resultados apareçam. O levantamento deve ser visto como um alerta para o governo, que tem como grande aposta para o crescimento da atividade brasileira em 2013 justamente a ampliação dos investimentos.

"Há necessidade de uma nova geração de medidas que tenham maior capacidade de afetar diretamente as empresas", resumiu o diretor de políticas estratégicas da CNI, José Augusto Coelho Fernandes. Entre as medidas do plano, lançado pela presidente Dilma Rousseff em agosto do ano passado, estão a desoneração da folha de pagamentos, o regime automotivo e o barateamento do crédito.

Pela pesquisa, 67,6% dos empresários disseram que seus planos de investimento não foram afetados após a divulgação do Brasil Maior e 5,3% deles chegaram a citar que, após o anúncio, houve até redução dos planos de expansão. Apenas 19,1% dos ouvidos atribuíram a ampliação dos investimentos ao pacote.

A maior parte dos industriais (57,5%) deixou claro que as medidas não tiveram impacto sobre o crescimento do setor até agora, enquanto 75,2% não vê relação entre o Brasil Maior e a expansão de sua própria empresa. Já para 30%, as medidas foram positivas para a indústria e 16,8% enxergaram benefícios em suas companhias. Para o futuro, o entusiasmo é maior: 62,7% preveem consequências positivas para o setor nos próximos dois anos.

Expectativa

"A diferença entre o que foi avaliado até agora e o que é esperado é grande", disse Coelho Fernandes. Isso se explica, segundo o executivo, pela combinação de alguns fatores. Medidas como a desoneração da folha de pagamentos, por exemplo, só começaram a ter impacto efetivo agora. Além disso, empresários aguardam o anúncio de medidas complementares.

Na avaliação de 81,8% das empresas que responderam ao questionamento e que consideram conhecer o plano ao menos "superficialmente", as medidas lançadas são adequadas, mas insuficientes para aumentar a competitividade e estimular o crescimento econômico. Apenas 3,9% das indústrias acreditam que elas são adequadas e suficientes. O pacote foi considerado inadequado por 9,5%.

Somente 8,2% dos industriais disseram conhecer o plano e a maioria das medidas em detalhe, enquanto 19% afirmaram conhecer o plano, mas apenas algumas medidas com detalhes. Isso pode ser explicado, diz Fernandes, pelo fato de um setor não se aprofundar nas medidas direcionadas a outro ramo de atividade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário